Bonito ou feio na foto?

O Blog da Alcilene Cavalcante reproduziu hoje nota da Assessoria do Senador João Capiberibe (PSB-AP), noticiando reunião em Brasília/DF entre o político amapaense e o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, evento que contou também com a presença do Senador Randolf Rodrigues (PSOL-AP). Veja o link aqui

Enquanto Randolf formalizou pedido de “liberação de uma emenda de bancada para a aquisição de um helicóptero, a fim de reforçar as ações de Segurança e de Saúde Pública do Amapá”, o que - diga-se de passagem- é pertinente, Capiberibe cobrou resultado da Operação Mãos Limpas (famosa operação da Polícia Federal que prendeu várias políticos no Amapá em 2010).

Reproduzo o que disse o senador do PSB do Amapá, segundo nota de sua própria Assessoria: “O ministério tem ascensão sobre a Polícia Federal e, portanto, competência para disponibilizar os meios financeiros para a agilização dos processos. Precisamos avançar, com maior rapidez, para saber, definitivamente, quem são os responsáveis pelo saque que o Amapá sofreu. A justiça precisa ser célere, porque justiça que tarda não é justiça”.

Pela redação do texto, está claro que o Senador Capiberibe quer que o Ministério da Justiça disponibilize verba à Polícia Federal para agilizar processo resultante da Operação Mãos Limpas.

A preocupação com a correta aplicação do erário é dever de todo parlamentar. Mas, percebe-se que Capiberibe na ânsia de divulgar suas boas atuações, acabou assumindo que entrou no prédio errado.

Sucede que a Polícia Federal há tempos concluiu o inquérito da Operação (vide http://www.alcinea.com/sem-categoria/maos-limpas-5). O Senador deveria se dirigir ao Superior Tribunal de Justiça, e não ao Ministério da Justiça. É lá, no STJ, perante o Ministro João Otávio de Noronha, que tramita o processo da Operação Mãos Limpas (Inquérito 681-STJ). A Polícia Federal não tem competência para agilizar processos perante o Superior Tribunal de Justiça.

A nota divulgada se esforça em destacar grande atuação dos parlamentares amapaenses, mas, na minha visão, desta vez, só Randolf Rodrigues acertou o caminho, entrando pela porta correta ao pedir ao Ministro da Justiça aparelhamento da segurança pública para o Estado. Capiberibe, no entanto, bateu na porta errada. A foto com o Ministro da Justiça ficou bonita, mas não terá efeito prático nenhum.